Solidariedade
A música como motivação
Promover o bem-estar no ambiente hospitalar é a missão do grupo Medicação, que atua todas as quartas no Hospital Escola da UFPel
Paulo Rossi -
Para quem trabalha e vive diariamente em um ambiente estressante, ter uma motivação para continuar é essencial. Por isso, desde junho de 2002, o grupo Medicação traz alegria para o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel). Toda quarta-feira, músicos voluntários se reúnem para entreter pacientes e funcionários, buscando atenuar a estadia lá. A ação faz parte das atividades de distração promovidas pelo Grupo de Humanização.
O grupo foi criado por um pequeno grupo de funcionários da UFPel como um projeto de extensão, sendo inicialmente chamado de Urutagua Tupay, que significa "canção que vem de Deus". Logo foi substituído por Medicação, e Eduardo Brasil assumiu o cargo de líder e contou com a ajuda de amigos, que prontamente aceitaram seu convite. Por ser um trabalho voluntário, o número de músicos varia a cada apresentação. Hoje, em torno de 15 a 20 pessoas são companheiras de Eduardo nessa caminhada de humanização. Quando são chamados, eles vão a qualquer lugar. "É uma troca. Eles ficam felizes quando a banda passa e a gente também fica feliz", afirmou.
Partindo da rampa de acesso dos funcionários, o grupo percorre os corredores. Eles passam por todos os setores e enfermarias, além da Faculdade de Medicina, local onde é realizado o tratamento oncológico. A mudança de conduta dos pacientes é percebida e a energia do ambiente hospitalar torna-se positiva. O dia fica mais agradável. Até mesmo os mais debilitados descem das suas camas e vão ao encontro dos músicos que chegam até a porta de seus quartos; quando isso não é possível, cantam deitados. Os aniversariantes do dia recebem o parabéns e a batida das músicas famosas é sentida em cada coração. A ouvidora Carla Carvalho faz parte do Grupo de Humanização do HE e está há 12 anos acompanhando o projeto e afirma: "Os pacientes se sentem prestigiados".
É uma questão de bem-estar. A música tem o poder de liberar substâncias ligadas ao prazer, e isso faz com que as pessoas se movimentem mais. As canções antigas trazem lembranças que afetam cada paciente de forma diferente. Essa mistura de emoções é bem-vinda em momentos difíceis. Fabiane Teixeira é técnica em enfermagem e conta que os músicos são recebidos, muitas vezes, com certa surpresa. Logo, a animação toma conta e o estresse causado pelo ambiente é esquecido. Isso promove uma forma diferente de interação entre funcionários e pacientes."Todos se sentem mais alegres", disse.
Olhar para os profissionais também é necessário. Eles precisam esquecer das suas funções por alguns minutos e cuidar de si mesmos, conforme explica o enfermeiro de Saúde Mental, Denilson Fonseca. Os momentos de descontração trazem um sentimento importante para todos: o de se sentir vivo. Solaine Souza acompanha a filha hospitalizada e ressalta a importância da ação. Elas aguardam ansiosamente toda semana pela música que passa nos corredores, que é muito boa e "alegra quem está triste". Já Márcia Amaral, que também é acompanhante, comemora o fato de existir alguém que se preocupe com quem está lá. Muitos saem das camas para ver e se sentem melhores com a presença da banda, que "são pessoas humanas".
Carrinho da Leitura
Desde 2004, terça-feira é marcada como dia da leitura no Hospital Escola. Através de livros e revistas, a ação busca levar informação e distração para os pacientes e acompanhantes. O trabalho é voluntário e a comunidade pode ajudar doando durante todo o ano, na Ouvidoria do HE, que fica na rua Professor Araújo, 538.
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